O N360 falou com Ricardo Costa, Presidente da AEMinho sobre o balanço destes dois anos de atividade.

Que tipo de atividades a AEminho desenvolve?

A AEMinho desenvolve atividades bastante diversificadas com o propósito de trazer informação e ferramentas para que as empresas do Minho possam crescer. Essas atividades podem ser  online como webinars, Speed Talks, ou conferências online; ou presenciais, onde promovemos essencialmente o networking entre empresários. Nos formatos presenciais temos os Business Drinks ou as Business Talks – ambos formatos entre 30 a 50 participantes tipicamente numa das nossas empresas associadas -, onde nos primeiros fazemos uma visita à empresa, uma sessão em sala para apresentação do tema/mercado com testemunhos de empresas, os segundos concentram mais tempo na exposição do tema, como por exemplo a aplicação da agenda do trabalho digno. Ambos terminam com Drinks & Networking. 

Temos ainda os Jantares-Debate, onde trazemos figuras proeminentes da sociedade portuguesa ou membros do governo para debater temas da ordem do dia (ex. taxas de juro e inflação, ética e política ou objetivos de descarbonização, impacto da guerra na economia, entre outros.

Anualmente realizamos três grandes eventos, a Conferência Estado da Arte, o Fórum de Sustentabilidade, Sunset de Aniversário (que sucede à conferência ou ao fórum), e a Gala Solidária AEMinho. 

Paralelamente aos eventos, temos ainda um conjunto de projetos que têm como objetivo responder a questões específicas: Work in Minho onde falamos da atração, fixação e requalificação de talento, o Cluster da Energia, o Programa Go to Labour que tratada aproximação dos finalistas e recém-licenciados ao mercado de trabalho e o Clube Financeiro que é um clube para promoção de negócios e de literacia financeira.

Finalmente, mas não menos importante, temos as atividades de internacionalização, onde temos uma estreita colaboração com a Galiza, com alguns mercados da Europa Central, de Leste e da CPLP. Aqui promovemos reuniões bilaterais entre empresários, organizamos missões empresariais e recebemos missões inversas.

Qual a importância da Cooperação e Coesão? 

Na AEMinho defendemos desde o início que tanto as empresas e comos os territórios têm que cooperar para crescer. 

Tanto a cooperação como a coesão territorial desempenham papéis significativos no desenvolvimento e na estabilidade socioeconómica das regiões, seja pelas sinergias criadas, seja pela partilha de recursos e conhecimento, que no limite, resulta num crescimento sustentável.

É também sabido que cooperação aumenta a competitividade de uma região e a AEMinho defende que devemos abandonar a cultura minifundiária em prol de um crescimento cooperativo saudável, de modo que seja possível competirmos globalmente.

Uma questão importante prende-se com a Autonomia, liberdade e Independência das Associações Empresarias. É, de facto, muito importante ter em conta estes factores?

É absolutamente fundamental. Uma associação que não seja livre e independente não tem condições para defender os interesses das empresas associadas, o que desde logo implica uma fraca representação da sua massa associativa, até porque fica condicionada e instrumentalizada.

A autonomia de uma associação empresarial serve garantir que as políticas e ações desenvolvidas estejam alinhadas com as necessidades das empresas que representa.

A liberdade e a independência são o garante de que não haja influência direta de interesses externos à associação, sejam eles de instituições políticas ou económicas, de qualquer proveniência: local, nacional ou internacional. É fundamental que uma associação que defende os interesses dos empresários tenha a capacidade de expressarlivremente suas opiniões e preocupações, sem medo de represálias ou censura, de modo que possa contribuir para um debate aberto e construtivo de ideias e políticas.

Mais ainda, uma associação autónoma, livre e independente desempenha um papel fundamental no equilíbrio de poderes numa sociedade, garantindo que interesses empresariais tenham uma voz e possam intervir em políticas e decisões, que, no limite, beneficiam todo o ecossistema socioeconómico.

O Minho é um dos motores da economia nacional. O que falta fazer para este palco brilhar mais?

A redistribuição equitativa dos fundos europeus seria um bom começo. Outro ponto importante é o investimento efetivo em infraestruturas, tal como a variante à N14, projetada há mais de trinta anos, e que só agora parece que vai sair do papel. 

Depois voltamos à cooperação. Os empresários têm dequerer ser maiores, e deixar a cultura de minifúndio que está profundamente enraizada, cooperarem mais para poderem em conjunto responder no mercado global.

Finalmente, é essencial diminuir o fosso de formação entre empresários e funcionários, que é neste momento um dos problemas que as empresas enfrentam.

Co-Criação entre as empresas e as instituições do sistema científico e tecnológico (SCT) é fundamental para o crescimento empresarial?

Sim, é fundamental. Enquanto não crescermos na cadeia de valor, não vamos conseguir aumentar significativamente os índices de produtividade. Isso consegue-se com inovação e desenvolvimento de novos produtos, onde colaboração com as instituições do SCT é essencial. 

O desenvolvimento de produtos/serviços de valor acrescentado tem vindo a aparecer consistentemente como resultado da colaboração SCT-Empresa, onde se faz uma efetiva transferência de tecnologia e conhecimento para ambas as partes.

É preciso ter em atenção a proteção da propriedade intelectual, porque não adianta de muito estarmos a inovar se depois qualquer um pode copiar e fazer igual. Hoje as entidades do SCT estão mais sensibilizadas e poderão ter aqui um papel importante na transferência desse conhecimento para as empresas.

Qual o balanço desta jovem, mas muito experiente AEMinho?

Tem sido um balanço muito positivo. Temos crescido consistentemente desde o início, quer em número de associados quer em número de atividades realizadas, sempre com feedback positivo dos associados e parceiros da AEMinho.

A prova desse reconhecimento, é que todos os membros do governo que foram convidados a vir falar com a AEMinho aceitaram o convite, promovemos um almoço satélite ao conselho de ministros deslocalizado com os nossos empresários, e no 2º Aniversário contamos com a presença do Presidente da República e de membros do governo em funções – esta é uma validação importante do ponto de vista institucional. Igualmente importante é a validação dos nossos associados, que de um modo geral, têm aderido às ações a que a AEMinho se propõe. Agora mesmo, estamos a organizar para o dia 10 de novembro a 1ª Gala Solidária da AEMinho, onde juntamos a comunidade empresarial do Minho em torno da beneficência social, com o apoio à ACISFJ de Viana do Castelo, que tem um papel de extrema importância na ajuda a mulheres e seus filhos, em situação de fragilidade económica e social.